Centenas de peixes estão sofrendo e alguns até morreram por conta do fenômeno "decoada", no Pantanal de Mato Grosso do Sul. A suspeita é de que esse fenômeno possa estar ligado também às queimadas do ano passado (2020) que destruíram mais 4 milhões de hectares do bioma. Na última sexta-feira (12), pesquisadores do Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) fizeram um levantamento no rio Miranda, no município de Corumbá, e encontraram quase 50 espécies mortas ou agonizando às margens do rio. O especialista em ictiologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Fernando Carvalho, explica que este fenômeno acontece agora no período de subida das águas dos rios do Pantanal. Ainda de acordo com Carvalho, a decoada é um fenômeno natural que ocorre quando as águas dos rios do Pantanal extravasam para as áreas da planície que secaram durante a estação seca e agora, na estação chuvosa, estão com muita vegetação e matéria orgânica. O especialista também explicou que, "nesta condição, os peixes 'agonizam' por falta de oxigênio e muitos morrem". "Quanto mais matéria orgânica e outros compostos presentes na área, por exemplo cinzas, mais intensos os processos de decomposição e de alteração das propriedades físico-químicas da água", explicou ao G1. Outra preocupação do pesquisador é que a primeira decoada deste ano poderá ser mais intensa devido aos grandes incêndios que devastaram o bioma em novembro de 2020. Como mostra o vídeo abaixo, a maior parte das queimadas foi provocada por ação humana. "As cinzas que estão no solo alteram a qualidade da água. A matéria orgânica em deposição deixa a água com a cor mais escura e aliado a diminuição drástica de oxigênio, os peixes vão para a superfície em busca de ar", finaliza. Segundo o biólogo do Imasul, Heriberto Gimenes Junior, a equipe ainda avalia se esta primeira decoada do ano teve interferência dos grandes incêndios que devastaram a região ou se foi somente um fenômeno natural.
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