A fisioterapeuta Cláudia Boudoux recebeu a notícia que tanto esperava. Após quase dois anos sem saber o paradeiro do filho Carlos Attias Boudoux, o Carlinhos, ela recebeu a notícia de que o filho apareceu em uma delegacia de Buenos Aires, na Argentina, dizendo que estava perdido.
"Ele chegou na delegacia, apresentou a carteira de identidade dele e disse que não teve nenhum tipo de contato com o pai ou comigo nesses dois anos. Hoje, está em um abrigo esperando. Não sei quem estava com ele, com quem ele estava", disse a mãe ao G1 neste sábado (23).
Cláudia Boudoux tenta trazer Carlinhos para casa desde que ele foi passar o natal com o pai, em 2015, após uma determinação da justiça. O garoto e a irmã deveriam retornar no começo de 2016, mas apenas a menina foi deixada na casa da mãe. Na época, a Polícia Federal foi acionada e o caso repercutiu na imprensa brasileira e argentina.
O menino nasceu na Argentina e foi na Justiça daquele país que Cláudia buscou reaver a guarda dele. O pai dele chegou a ser preso em 2016, sendo solto pouco depois. Foi quando a fisioterapeuta foi orientada a procurar as autoridades do país vizinho.
Segundo ela, Carlinhos desapareceu em fevereiro de 2019, dias antes da data marcada para que retornasse ao Brasil por determinação judicial. O nome dele foi incluído na lista de desaparecidos do país vizinho.
Segundo a fisioterapeuta, o ex-marido foi detido em 2020 suspeito do suposto sequestro do jovem e obstrução do contato com a mãe. A informação foi divulgada em jornais argentinos na época. Ainda assim, Carlinhos seguiu desparecido até janeiro deste ano.
Com o judiciário de férias, a fisioterapeuta faz os preparativos prepara para viajar para a Argentina a partir do dia 31 de janeiro, quando deve terminar o decreto que restringe acesso ao país. Ela espera voltar ao Recife com o filho até 5 de fevereiro e já faz planos para a chegada do garoto, que completa 14 anos em março.
Carlinhos passou por exames, foi atendido por médicos e, de acordo com as autoridades argentinas, está bem fisicamente, disse a mãe. A informação foi noticiada também nos jornais argentinos Clarín e La Nación.
Por conta das restrições para conter a pandemia do novo coronavírus na Argentina, Cláudia ainda precisa autorização das autoridades para ingressar no país e, depois, retornar ao Recife.
Desde 2016, o caso é acompanhado pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, que analisa como pode auxiliar no caso. A orientação foi para que a fisioterapeuta procurasse o consulado também para obter apoio com os trâmites.
"Primeiro, a gente quer a garantia de que ela pode buscar o filho. Segundo, de que pode entrar no país. Mas acompanhamos o caso desde o início e vamos ver o que é possível ser feito", afirmou o titular da pasta, Pedro Eurico.
O G1 entrou em contato com o Itamaraty para saber se está sendo feito acompanhamento do caso, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem. A defesa do pai do garoto não foi encontrada para comentar o assunto.
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