Erika Hilton (PSOL), de 27 anos, será a primeira mulher trans a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de São Paulo. Eleita neste domingo (15) com 50.508 votos, ela foi a mulher mais votada e a sexta no ranking geral, atrás apenas de veteranos como Suplicy (PT) e Milton Leite (DEM).
Ativista dos Direitos Humanos, Erika foi eleita codeputada à Assembleia Legislativa do estado de São Paulo pela Bancada Ativista (PSOL) em 2018.
Ao G1, a candidata eleita falou da importância de se tornar a mulher mais votada na maior cidade do país que mais mata transexuais e travestis no mundo.
"Estamos não só vivas, mas eleitas, propositivas, estamos sedentas de direitos humanos e equidade. Nós criaremos muitas fissuras nessas estruturas de poder e dominação", diz ela.
Apesar de comemorar o resultado da eleição, Erika ressalta que muitas trans antes dela só tiveram espaço na prostituição, de forma violenta e compulsória, como forma de sobrevivência.
Além de mulher trans, Erika se identifica como negra e periférica, mas diz que sua atuação na Câmara Municipal de SP irá além das pautas identitárias.
"Não vou ficar discutindo apenas pauta LGBT, racial ou de mulheres. Esse é o pilar de sustentação do meu próprio corpo, mas eu preciso legislar em todos os temas que competem ao meu cargo na maior cidade da América Latina", declara ela.
Erika diz que pretende construir um mandato coletivo que olhe pela população de rua e contra o desmonte do serviços sociais, além de "políticas que foram sucateadas na gestão Doria/Bruno e que agora precisam ser retomadas."
"Existe um provérbio africano que eu gosto muito que fala: enquanto os leões não contarem a sua própria história, os caçadores continuarão sendo os heróis. É sobre isso que estamos falando: enquanto nós não contarmos as nossas próprias histórias e não construirmos essa história, o fascismo, o ódio, a ‘cis-hetero-norma’ continuará a ser heroica e nós não precisamos mais desse heroísmo falso em cima da morte permaneça."
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